Sussurros de Halloween
por B.F. Hasckel
As luzes laranjas tremeluziam nas janelas do casarão antigo, lançando sombras que pareciam dançar ao som de uma música lenta. O ar cheirava a vela derretida, vinho e perigo. Era Halloween — a noite em que os vivos brincam com os mortos e os mortos fingem que dormem.
Brianna ajustou a máscara rendada diante do espelho, os olhos delineados de um brilho escuro que misturava curiosidade e desafio. O vestido preto abraçava sua pele como um segredo, e o colar de cristal em seu pescoço refletia a luz das velas.
Ela não esperava vê-lo ali.
Mas quando desceu as escadas, sentiu — antes mesmo de ver. O mesmo frio elétrico no ar, o mesmo arrepio que denunciava sua presença.
Hawin estava encostado à parede, meio na sombra, meio na luz. O terno escuro parecia feito para ele, e o olhar… o olhar carregava aquela chama insolente, a queimar tudo o que tocava.
— Eu sabia que você viria — disse ele, com um meio sorriso. — As bruxas adoram essa noite.
— E os demônios também — respondeu ela, cruzando os braços, fingindo calma.
Ele se aproximou, cada passo ecoando como um feitiço antigo.
O som da festa atrás deles se tornou distante — risadas, música, copos tilintando — tudo sumiu quando ele parou a poucos centímetros dela.
— Bonita máscara — murmurou, o tom rouco. — Pena que não esconde o que seus olhos dizem.
Brianna ergueu o queixo, desafiando o perigo em forma de homem.
— E o que eles dizem, Hawin?
Ele sorriu, lento, como quem saboreia a caça.
— Que você ainda se lembra do sussurro no seu pescoço.
O tempo pareceu suspenso. O vento soprou as velas, e o fogo os envolveu em lampejos dourados.
Ela podia negar, podia fugir — mas algo naquela noite, naquela data em que o véu entre mundos se tornava fino como um suspiro, a empurrava para perto dele.
E então, ele estendeu a mão.
— Dança comigo, Brianna. Só até a meia-noite.
Ela hesitou… mas o toque dele era um feitiço antigo, um que ela jamais aprendeu a quebrar.
Sob o clarão pálido da lua e as risadas distantes das almas mascaradas, eles dançaram.
Não havia música — só o som dos corações e o eco do que um dia foi amor… ou maldição.
Quando o relógio anunciou a última batida da meia-noite, Hawin sussurrou em seu ouvido:
— O Halloween é a noite em que até os mortos lembram o que é desejar.
E antes que ela pudesse responder, ele desapareceu com o vento, deixando para trás o aroma de fumaça, vinho e saudade.
Brianna ficou parada, o coração em chamas.
Na palma da mão, um pedaço da fita negra que ele usava no pulso — a única prova de que, naquela noite de almas e sombras, ele realmente esteve ali.