O Antigo Embate entre a Verdade e a Aparência
Há uma batalha silenciosa que atravessa o tempo.
Não se vê nem se ouve, mas acontece nos gestos, nos olhares e nas palavras não ditas. É o confronto eterno entre o que é verdadeiro e o que é apenas reflexo.
Alguns constroem suas vidas como se fossem espelhos: buscam o brilho, a imagem perfeita, o elogio.
Outros preferem a transparência — ainda que isso mostre as imperfeições da alma. São esses que acabam, sem querer, despertando inquietações.
Porque a verdade, quando surge, ilumina o que estava escondido.
A arte tem esse poder curioso.
Ela reflete o mundo, mas também revela o que está dentro. E às vezes, quem lê se vê nas entrelinhas — não porque tenha sido retratado, mas porque o texto tocou um ponto esquecido. É nesse momento que a escrita cumpre seu papel sagrado: fazer o invisível respirar.
Escrever de verdade é um ato de entrega.
É aceitar ser espelho e janela ao mesmo tempo — mostrar o que está dentro e o que está além.
Quem escreve sem máscaras acaba curando aquilo que não sabia que doía.
E talvez o sentido de criar seja esse:
transformar o que foi silêncio em palavra,
transformar o peso em beleza,
transformar a aparência em verdade.
O embate continua, sim, mas cada página escrita com sinceridade é uma pequena vitória da luz sobre o reflexo.
Porque no fim, o que permanece não é o espelho — é o brilho da alma que sou autêntica.